sábado, 20 de agosto de 2016

Amor de Irmãos


Na minha opinião, a melhor coisa que podemos dar aos nossos filhos é um irmão. E quanto mais perto, em termos de idade, um do outro melhor. Os meus têm três anos de diferença e já eu acho mais do que o que eu queria, mas como um filho é um projecto a dois e o pai quis esperar um pouco mais, acabou por assim ser. 

Hoje, enquanto eu fazia o almoço na cozinha, ouvi-os no quarto na maior das folias, a mais velha gritava no meio de risadas, "Não, meu amor!" - aposto que o pequenino se estava a jogar em cima dela, com a maior das loucuras como costuma fazer. E aquela simples frase dela, ficou-me ali a encher o coração e os pensamentos. 

Ouvir um filho tratar o irmão por "meu amor" é das coisas mais bonitas que podemos experimentar. Lembrei-me também das pessoas que conheço mais próximas, que têm um filho apenas, e pensei nessas crianças. Têm tudo o que querem, e mais alguma coisa, mas a meu ver, não têm o mais importante: um irmão, um amigo a crescer junto, a aprender a partilhar a cada instante. Não só uma partilha de objectos, material, mas também uma partilha de sentimentos, emoções. 

Não digo que todos os filhos únicos sejam mimados, mas convenhamos que a grande maioria o é. Conheço uma que até birras faz quando o pai oferece algo à mãe e a ela não. Os pais acham piada, eu acho triste! Tal como a miúda dar pontapés na barriga da mãe caso esta por brincadeira, lhe diz que está grávida. 

A mãe não quer mais filhos, hoje ao pensar nisso, pergunto-me se o facto de ela ter perdido uma das irmãs terá influenciado a decisão. Foi muito duro para ela, era a sua irmã mais velha e eram muito chegadas. Pergunto-me se consciente ou inconscientemente, sinta medo que um dia a filha tenha que passar pela mesma dor. Se não tiver irmãos, nunca saberá como é a dor de perder um. 

Não sei se é a melhor opção. Se assim for, está a super protegê-la e a privá-la de algo maravilhoso. Há um cliché bastante real que diz que "mais vale amar e perder, do que nunca ter amado!", e isso também se aplica ao amor fraternal. A qualquer tipo de amor, não é?! 

Resumindo e concluindo, fiquei de coração cheio ao ouvir a brincadeira dos dois e a forma carinhosa como ela o tratava. Senti que sim, que dar-lhe um irmão foi sem dúvida a melhor coisa do mundo, mesmo que discutam muitas vezes porque querem o mesmo brinquedo, ou porque gritam que se fartam pela casa quando eu já só quero um bocadinho de silêncio. Mesmo que tenhamos que gerir melhor o nosso orçamento porque a família aumentou, nada disso consegue ser melhor do que a sensação de ter feito o melhor, e de estar certa que cá por casa, existe amor

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