13-01-1955 ---- 22-05-2020

daqui
Há coisas que custam a sair para fora, que ficam presas na garganta. Dizer "o meu pai morreu" é algo que me vi forçada a dizer frequentemente ultimamente. Custa a sair, parece tão irreal. Depois de três semanas internado, a sentir-se abandonado, porque por culpa deste covid desgraçado não se podiam fazer visitas ao hospital, lá voltou uma semaninha para casa. Serviu essa semana para uma despedida que sabíamos que viria mais tarde ou mais cedo, só nunca pensámos que seria tão cedo. Passada essa semana, voltou para as urgências, onde umas horas depois, já na madrugada, o seu corpo sucumbiu à doença. Mais um que nos foi arrancado pelo cancro. 

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