Lidos nas últimas semanas

Sabem uma coisa? Estou super entusiasmada com as minhas leituras. Apesar de não ter feito grandes resoluções este ano, uma das coisas que me propus fazer foi ler mais do que no ano anterior. Várias vezes me tenho desafiado a ler pelo menos um livro por mês, o que já seria muito bom, - por entre tudo o resto que há para fazer, - e facilmente me desiludo quando fico aquém do desejado.

Para este ano, coloquei um objetivo menos exigente a mim mesma. Por favor, lê pelo menos oito. Oito livrinhos apenas. Teria cerca de mês e meio para cada um. Não contava com a imensa vontade que tenho sentido este ano de me afastar de tudo o que me consome de forma menos positiva, e agarrar-me de unhas e dentes a todo o oposto. Tudo aquilo que faço tão somente por mim, que me transfere para um outro lugar.

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E ler é uma dessas coisas. E tem fluido, sem esforço, sem obrigações. Estamos em Abril e estou a terminar o quinto livro do ano. Depois desteeste, li O Bosque dos Pigmeus de Isabel Allende, umas das preferidas. 

O Bosque dos Pigmeus faz parte de uma trilogia, mas aqui a je começou precisamente pelo último dos três. Mas quando o comecei não sabia que era uma trilogia. Adquiri o livro em segunda mão, com mais um outro da autora. Felizmente a minha irmã tem os três e já lhe pedi que me empreste os primeiros, e esses sim, quero ler na ordem certa. 

Que gosto muito da forma como I. Allende escreve já vocês sabem. E gosto particularmente como mistura realidade e fantasia, e o quão espiritual consegue ser ao mesmo tempo. Mais uma vez, ler Allende foi não conseguir colocar o livro de lado, mesmo quando os olhos queriam cerrar para o belo descanso merecido ao fim do dia. 
 

S i n o p s e :

Depois da Amazónia e dos Himalaias - cenários dos primeiros livros da trilogia -, desta vez a aventura decorre em África, onde Nadia e Alexander acompanham a avó Kate em mais uma expedição da International Geographic.

Uma série de peripécias e os ciúmes de um elefante vão animar a semana que o grupo passa num safari. Mas o aparecimento de um padre espanhol vai alterar completamente os planos de terminar a reportagem e voltar para a capital, arrastando todo o grupo para um bosque misterioso habitado por pigmeus. Aí, e seguindo o rasto de dois missionários desaparecidos, instalam-se numa aldeia governada pelo rei Kosongo, pelo comandante Mbembelé e pelo bruxo Sombe, um triunvirato assustador que escraviza os pigmeus e o seu próprio povo para enriquecer com o contrabando.

Em O Bosque dos Pigmeus, o livro que encerra a trilogia As Memórias da Águia e do Jaguar, Isabel Allende faz-nos descobrir novamente um mundo mágico e misterioso.

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Depois li um livro que tinha em lista de espera há uns bons meses, creio que o encontrei também na feira das velharias local (eu e os miúdos adoramos fazer caça ao tesouro, e temos umas saudades disso que não imaginam!). Gosto de livros históricos, já vos disse, gosto tanto de saber como as coisas aconteceram, como eram... Este não é no entanto, um livro histórico no real sentido da palavra, e sim um romance, porque vários dos fatos não estão precisamente datados, ou algumas lacunas foram preenchidas pela autora, a própria história de Joana, a Papisa nunca foi provada/aceite como verdadeira, embora tenha atravessado os tempos de boca em boca, e existam até alguns documentos que a mencionam.  

Não foi propositado mas este ano não li um único livro em que o pior do ser humano não fosse destaque claro... ora vejamos, comecei pela guerra na Bósnia, passei pela segunda guerra mundial e extermínio aos judeus pelas SS, atravessei uma Africa onde uma tribo vive escravizada e chego a este livro A Papisa Joana de Donna Woolfolk Cross, numa época em que as mulheres não eram tratadas como seres humanos. 

Diz a lenda que Joana viveu no século IX e que disfarçada de homem chegou ao cargo mais elevado dentro da Igreja Católica, tendo-se tornado Papisa. O livro conta a sua história desde que era apenas uma menina, que já sentia na pele o fardo pesado de ter nascido mulher numa era completamente misógina. Mas Joana era inteligente, e foi usando o seu dom para os estudos que trilhou o seu caminho até chegar a Papisa. 

Algumas passagens do livro não são para os mais fracos. Por várias vezes me senti uma felizarda só por poder estar a ler aquelas páginas, porque as mulheres tiveram que passar por muito, mesmo muito, coisas inimagináveis para nós hoje em dia, para que neste momento, nós pudéssemos ser tratadas com dignidade e não como mera carne para canhão. Mas o que mais me alcançava era saber que em várias partes do mundo, ainda existem tantas mulheres que passam por horrores tão similares, mesmo nos nossos dias. Umas tivemos mais sorte do que outras. E não pude deixar de ler as piores passagens com isso em mente, a agradecer pelo meu privilégio e a desejar que não fosse um privilégio de algumas, e sim a realidade de todas. 

Não consegui colocar o romance de lado, mesmo! Cheguei mesmo a sacrificar umas boas horas das minhas férias onde tinha planeado outros afazeres, só para continuar a ler, folha após folha. Completamente viciada nisto. Nunca vi o filme, e quero muitoooo ver. 



S i n o p s e :

No ano de 814, Idade Média, que ficou conhecida como a Idade das Trevas, as mulheres eram impedidas de estudar, podiam ser estupradas e até mortas pelos maridos. O conhecimento estava sufocado, os países hoje conhecidos na Europa não existiam, nem os idiomas modernos. Cada região tinha o seu dialeto e a lingua culta era o latim, herdada do Império Romano, que já havia sido derrubado pelas invasões bárbaras. Foi neste período sombrio que uma mulher passou a maior parte de sua vida vestida de homem, estudou medicina, foi médica do papa e tornou-se ela mesma papisa - durante dois anos. A história da Papisa Joana foi conhecida até o século XVII, quando o Vaticano resolveu apagá-la da história da Igreja. Não adiantou. Dona Woolfolk Cross pesquisou, descobriu os arquivos e achou a história tão fascinante que a transformou num romance, em que aventura, sexo e poder cruzam-se com maldições, guerras e heresias.

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