De coração pequenino


Eu, que deixei de ver telejornais há cerca de seis anos, sou sempre das últimas a ar das notícias. Isso aconteceu também com o incêndio de Pedrogão Grande. No sábado à noite fomos jantar com uns amigos e permanecemos sempre longe das redes sociais (onde geralmente acabo por acompanhar os acontecimentos mais falados da atualidade). O meu marido que se juntou a nós mais tarde, ainda comentou por alto, algo do género "lá para cima está um incêndio enorme"- Confesso que dei pouca importância. Todos os anos assistimos às mesmas situações, e a distância faz-se notar. Não o sentimos da mesma forma. 
Só no domingo à noite é que eu tive a noção do que estava efetivamente a acontecer, pois durante todo o dia também me mantive longe de redes sociais e notícias em geral. E fiquei com o meu coração pequenino! A não conseguir sequer imaginar o cenário. Tanta vida ceifada em tão pouco tempo! A força da natureza é avassaladora e impõe respeito. E a dor daqueles que ficam, os que perderam tudo, os que ainda lutam. A coragem dos nossos bombeiros, tão pouco respeitados e reconhecidos, que fazem de tudo em troco de praticamente nada. 
E deixamos de ter a ideia do "está longe", porque já diz o ditado que "longe da vista, longe do coração!", mas aqui não se aplica. Longe da vista, mas a quebrar o coração. A impotência de pouco se poder fazer para ajudar. Resta-nos fazer os possíveis, agradecer todas as ajudas que quem precisa tem recebido, e rezar, para que a tragédia não se repita, que Portugal pare de arder. Porque neste momento, a norte, a centro ou sul, somos todos portugueses e estamos todos a perder aqui. 

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